sábado, 13 de agosto de 2016

A paz sobe pra mente, torpe e sente.




Umas angústia
Um gole
Uma lágrima
Mais um trago

Você nunca vai ser nada menino viado
Olha teu jeito mulher de ser
Mulher de ser
Mulher de ser
Balancei mais uma vez a lata e minha cabeça repousou na paz de mais um entorpecente.

Levantei e limpei mais uma lágrima
Engoli seco
Amarrei o cabelo que caia sobre os olhos

E coloquei mais uma máscara
Para andar por aí
Por ali
Por aqui
Vai que eu me acho!

terça-feira, 9 de agosto de 2016

O saboroso gosto do ódio.

Sempre amei,
amava com os olhos,
aprendi que a cordialidade me fazia ter “amigos”,
os meus bom dias,
rir das piadas contra mim,
dizia, não me importo, afinal eu não sou.

Amar foi o que me ensinaram,
em meio às surras eu tinha que amar,
em meio à violência doméstica tive que amar,
quando apanhava na cara,
eu tinha que amar.

Amei,
me doei,
servi como ato de amor,
cedi por amor,
dizia eu te amo,
por amor.

Um dia, achei que o amor voltaria.
Falei tudo sobre mim,
afinal, não amava mais como inocente,
amava coerente,
não amava mais biblicamente,
amava amadurecendo.

Nesse dia recebi de volta o não-amor,
me xingou,
me bateu,
me odiou,
chorou e tentou me culpar,

No dia que surgi, amável
recebi o ódio,
pois o que eu sou, não merecia amor,
não merecia compreensão,
não merecia sorrisos.

Olhei pra trás e vi que sempre amei,
mas nunca fui amado de volta,
e quando fui, não era pra mim, era outro eu
vi que me aliei a quem nunca me abraçou,
vi que quem me amava,
era odiado também.

Meu ódio é o único ato de repulsa,
de protesto,
de oposição,
de lucidez que ainda posso ter,
contra meus odiadores.

Dizem para eu perdoar,
dizem para eu deixar pra lá,
dizem que não são culpados,
mas se não são, quem é?
Meu jeito?
Minha forma de viver?
Meu jeito de falar?
Meu jeito de se vestir?
Isso tudo sou EU.
Eu culpado?

Perdão é para quem no minimo reparou a questão,
perdão é para quem não foi culpado de nada grave,
perdão o perdão é cristão,
eu não,
o perdão é paz,
eu não tenho,
o perdão é branco,
e o branco não é paz,
o branco é sinismo.
Omissão,
neutralidade,
o branco não sou eu,
a culpa não me cabe.

Meu ódio não nasceu comigo,
foi plantado,
regado,
cultivado,
mas ninguém quer colher.

Meu ódio é a única parte que ainda protesta,
meu ódio é o único que ainda grita, não esqueci,
meu ódio é a única energia que ainda pode reparar,
reparar a mim.
Meu ódio é o único que não vai me silenciar,
a paz, o perdão, sim esse é o silencio,
silencio de quem?
silencio pra quem?
Silencio por que?
Silêncio não me protege,
nunca protegeu.

Então não me peça para perdoar,
não me peça para desculpar,
não me peça para reconciliar,
não me diga para ficar em silencio,
não sou capaz disso,
não mais,
não depois de tudo.

O ódio pode ser um veneno,
pode até me fazer mal,
quem sabe me matar,
mas não sou dessas que faz silencio com medo da morte.